MYRTACEAE

Eugenia vattimoana Mattos

Como citar:

Raquel Negrão; Marta Moraes. 2019. Eugenia vattimoana (MYRTACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

CR

EOO:

39,225 Km2

AOO:

12,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019), com ocorrência no estado de RIO DE JANEIRO, municípios Rio das Ostras (Braga 272) e Rio de Janeiro (Giaretta 1465). O especialista invalidou os registros no Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo, já que os materiais foram determinados de forma errada.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Raquel Negrão
Revisor: Marta Moraes
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: CR
Justificativa:

Árvores ou arvoretas de até 8 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Ocorre exclusivamente no estado do Rio de Janeiro, em Floresta Ombrófila, nos domínios da Mata Atlântica (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi coletada, na Floresta da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro e no município de Rio das Ostras. Apresenta EOO=34 km² e população severamente fragmentada, considerando que a subpopulação coletada mais recentemente no Parque Nacional da Tijuca, está significativamente isolada da subpopulação coletada na década de 90 em área residencial ou turística (Balneário das Garças) no município de Rio das Ostras. Atualmente há um pequeno fragmento na região do Balneário das Garças, porém a espécies não foi coletada nessa localidade. O desmatamento relacionado à expansão residencial e ao turismo, e a pavimentação de estradas (Fernandes et al., 1999; Matos, 2007; Lemos et al., 2014; Costa, 2015; Souza e Terra, 2017; SETUR, 2018) são os principais responsáveis pelo declínio de EOO, AOO, qualidade do habitat e de subpopulações. A espécie foi considerada “Vulnerável” (VU) em avaliação de risco de extinção anterior, em nível nacional (MMA, 2014), considerando como válidos registros coletados nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo. Entretanto, uma recente revisão das coleções indicou que os registros dessas localidades não correspondem à espécie. Portanto, a espécie passa a ser avaliada de acordo com a categoria “Criticamente em perigo” (CR), em razão de distribuição restrita associada a população severamente fragmentada. A espécie ocorre apenas em uma Unidade de Conservação de proteção integral e não apresenta dados populacionais. São necessárias ações de pesquisa (para atualização da informação sobre tamanho e tendências populacionais), monitoramento das populações encontradas mais recentemente e ações de conservação (programas de conservação ex situ).

Último avistamento: 2015
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como "Vulnerável" (VU) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após 5 anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Sim
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 VU

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Loefgrenia; communicaçoes avulsas de botânica 120: 9. 2005.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest, 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane Forest
Detalhes: Árvores de até 8 m de altura (Giaretta 1465), ocorrendo nos domínios da Mata na Atlântica floresta ombrófila (Giaretta 1465) (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019).
Referências:
  1. Eugenia in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10562>. Acesso em: 05 Jun. 2019

Reprodução:

Detalhes: Eugenia vattimoana é uma espécie hermafrodita, foi coletada com flores em outubro (Angeli 191) e com frutos em maio (Braga 272).
Fenologia: flowering (Oct~Oct), fruiting (May~May)
Sistema sexual: hermafrodita

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 4.1 Roads & railroads habitat past,present,future local medium
Por ser situada em área urbana, a Floresta da Tijuca possui diversas estradas pavimentadas que causam efeito de borda e fragmentação da vegetação (Matos, 2007).
Referências:
  1. Matos, J.J.B.S. 2007. Composição Florística de espécies arbóreo-Arbustivas em trecho de borda situado no Parque Nacional da Tijuca. Monografia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1 Residential & commercial development habitat past,present,future local high
A expansão da área urbana formal e informal da cidade do Rio de Janeiro sobre o maciço da Tijuca constitui o principal e mais antigo vetor de transformação da estrutura da paisagem. A ocupação espontânea do tipo favela ganha destaque pela característica peculiar de instalar-se, geralmente, em lugares menos privilegiados em relação à probabilidade de problemas erosivos, como áreas de grande declividade no sopé de afloramentos rochosos (Fernandes et al., 1999).
Referências:
  1. Fernandes, M. do C., Lagüéns, J.V.M., Netto, A.L.C., 1999. O Processo de Ocupação por Favelas e sua Relação com os Eventos de Deslizamentos no Maciço da Tijuca/RJ. Anuário do Inst. Geociências - UFRJ 22, 45–59.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1 Residential & commercial development habitat past,present,future regional high
No território do Norte Fluminense é a crescente taxa de urbanização, com crescentes fluxos migratórios atraídos pela crescente oportunidade oferecida pelo setor petrolífero (Lemos et al., 2014). Adicionalmente, o setor do turismo vem sendo incentivado nas áreas Norte-Noroeste Fluminense, conhecidas como Costa Doce e Noroeste das Águas, respectivamente (Costa, 2015; SETUR, 2018).
Referências:
  1. Lemos, L.M.; Araujo, B.P.; Freitas, C.A. 2014. Dinâmicas territoriais no estado do Rio de Janeiro a partir dos anos de 1970: o Noroeste Fluminense e as Baixadas Litorâneas. Disponível em <http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1404136739_ARQUIVO_CBG2014Bruna,CintiaeLinovaldo.pdf>. Acesso em 08 de dezembro de 2018.
  2. Costa, J.C. 2015. Os processos de apropriaçãi espacial da Praia dos Anjos e Praia Grande pelos visitantes e moradores de Arraial do Cabo, RJ. Monografia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 103p.
  3. SETUR 2018. Secretaria de Estado e Turismo. Disponível em <http://www.rj.gov.br/web/setur/exibeconteudo?article-id=2527548> . Acesso em 08 de dezembro de 2018.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.3 Agro-industry farming habitat past,present,future regional very high
Área largamente utilizada por atividades agropecuária, destacando o café no Estado do Espírito Santo e a cana-de-açúcar e pecuária no Rio de Janeiro (Lumbreras et al.,2004; Zoccal et al. 2006). No passado, a monocultura do café constituía a grande riqueza fluminense, influenciando o cultivo dos cafezais capixabas na região sul do estado. No entanto, erosão dos solos e a abolição da escravatura provocaram sua decadência, sendo substituído pelo plantio de cana-de-açúcar, principalmente na região norte-fluminense. Adicionalmente, o cultivo da cana-de açúcar, foi responsável pelo desaparecimento quase que completo das formações florestais (Fundação CIDE, 2001). A cana-de-açúcar, item mais expressivo da produção agrícola no fim do século XX, mantém-se como principal produto agrícola, com seu cultivo concentrado na região de Campos. Ainda hoje, o cultivo da cana e a produção do açúcar/álcool se posicionam com destaque na economia
Referências:
  1. Zoocal, R.; Assis, A.G.; Evangelista, S.R.M. 2006. Distribuição geográfica da pecuária leiteira no Brasil. Revista Política Agrícola. Publicação da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, n 4, 47-58.
  2. Lumbreras, JF.; Carvalho Filho, A.; Motta, P.E.F.; Palmeri, F. Calderano, S.B.; Baruqui, A.M.; Pereira, N.R. Naime, U.J.; Lemos, A.L. 2004. Macropedoambientes da Região Noroeste Fluminense - uma contribuição ao planejamento ambiental. Rio de Janeiro : Embrapa Solos,n 64, 21 p.
  3. Fundação CIDE - Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro. 2001. IQM Verde - Índice de Qualidade de Municípios.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1 Residential & commercial development habitat past,present,future regional high
A região do Litoral Norte Fluminense tem por principal vetor de pressão ao meio ambiente a expansão urbana e o turismo incentivados. A expansão urbana e a migração de pessoas de diversas regiões do estado do Rio de Janeiro para a região do Litoral Norte fluminense está diretamente relacionada com o desenvolvimento do setor de turismo, em Cabo Frio e Armação dos Búzios; e, principalmente ao desenvolvimento da indústria petrolífera e parapetrolífera, em Cabo Frio, Macaé-Rio da Ostras e Campos dos Goytacazes (Souza e Terra, 2017). Em viagem a campo, botânicos visualizam em áreas adjacentes ao Parque Estadual da Costa do Sol a ameaça de expansão de lotamentos sobre dunas a beira mar e o aumento da preparação de terrenos para a confecção de novos loteamentos próximo a estradas de acesso entre Cabo Frio e Arraial do Cabo no ano de 2016-2018 (P. Rosa, com. pess.).
Referências:
  1. Souza, J., Terra, D.C.R., 2017. Rio de Janeiro : rumo a uma nova região metropolitana ? Cad. Metrop.

Ações de conservação (4):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada em Parque Nacional da Tijuca (Giaretta 1465).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
Espécie avaliada como "Vulnerável" está incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Portaria nº 443/2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Disponível em: http://dados.gov.br/dataset/portaria_443. Acesso em 14 de abril 2019.
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018).
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G. (Orgs.), 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Secretaria de Estado do Ambiente -SEA : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro. 80 p.
Ação Situação
1.1 Site/area protection needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território Rio de Janeiro - 32 (RJ)

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.